Santarém no Portugal Antigo e Moderno de Pinho Leal

A Santarém de Pinho Leal é mais do que a máxima acerca da gloriosa história da cidade e do seu legado patrimonial. A Santarém de Pinho Leal é, antes de tudo, um olhar nostálgico, que se espraia através da sua pena – duplamente pena – impotente, perante o s escombros que teimavam em recordar-lhe o passado perdido da urbe.

Pela mão de Pinho Leal somos levados a ver a Scalabis pré-romana e a romana, demorando-nos depois na Santarém cristã, não sem ter dado acordo da moira Shantarin. Ao longo desse roteiro da saudade, o homem erudito vai-nos dando nota das datas e dos nomes de tudo e de todos, dos que à cidade deram vida, heróis reais ou lendários, conforme o tempo e a circunstância.

Viveu-a assim Pinho Leal – a sua Santarém – porque sitiado nela, durante a guerra civil (1832-34). Voltará, muitos anos depois, para nos contar as suas memórias que ressuscita dessa “flor do Tejo”. É uma fala carregada de tristeza; uma incarnação do profeta diante das ruínas de Nínive. Subitamente, diferente do profeta bíblico, damos por Pinho Leal a deixar-se embalar por uma inesperada confiança no progresso do país, que mostrava querer sair da terrível letargia pós-traumática, abarcando nele uma remoçada Santarém de olhos postos no futuro.

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